
Olá, cúmplices da escrita!
Esta semana, o tema estende-se a vários géneros literários: dar vida a uma personagem.
Na minha perspetiva, as personagens são a alma da história. As suas emoções, são as emoções do leitor. Embelezam e desenvolvem a estrutura literária. São o elo de ligação entre a imaginação do escritor e a recetividade criativa do leitor.
Na dança, eu interpreto personagens, enquanto que na escrita, divirto-me a criar personagens. Na verdade, é um dos passos que mais gosto ao escrever um livro! Muitas das personagens simplesmente surgem no momento certo, surpreendendo-me. Outras, são premeditadas e estratégicas, o que me exige uma concentração maior, pois são, habitualmente, mais complexas.
Lembram-se de termos falado de veracidade microscópica? No momento de dar vida a uma personagem, esta, é uma ferramenta extremamente útil. Se queremos ter uma relação verdadeira com a personagem, temos de adaptar o máximo de veracidade aquando a sua criação. Para isso, enquanto escritora, eu tenho de conhecer a minha personagem até ao âmago. Para mim, ainda que na minha mente, são reais.
Vamos espreitar os 8 pontos, cruciais e obrigatórios, do processo de dar vida a uma personagem:
- Género
- Idade
- Objetivo
- Fraqueza
- Passado
- Descrição Física
- Nome
- Estereotipo
Idealmente, devemos ter uma ficha individual para cada personagem. Eu apostei num programa informático, adequado a escritores, para me ajudar a manter a organização necessária, e assim concluir o último volume da minha atual trilogia “Liberum”, sem correr riscos de caracterizar mal um elemento. Especialmente considerando a quantidade de informação e personagens envolvidas!
Relembro, que os oito pontos referidos, são o mínimo essencial. Quanto mais informação, mais real se torna. Revelo, enquanto exemplo, a ficha que eu utilizo para as minhas personagens principais:
- Tipo de personagem (protagonista, antagonista, etc.):
- Nome da personagem:
- Objetivo:
- Fraqueza:
- Idade:
- Sexo:
- Altura e peso:
- Etnia:
- Cor do cabelo e dos olhos:
- Estado matrimonial
- Ligações familiares (pais, irmãos, etc.):
- Amigos:
- Melhores amigos:
- Pessoas que não gosta:
- Inimigos:
- Animal de estimação:
- Residência:
- Passado cultural:
- Religião e perspetivas espirituais:
- Escolaridade:
- Popularidade:
- Mentores e heróis:
- Passatempos:
- Gostos e desgostos:
- Medos:
- Sonhos:
- Hábitos nervosos:
- Como é que os amigos descrevem a personagem:
- Introvertido/a ou extrovertido/a:
- O que é que mais irrita, envergonha ou aborrece a personagem:
- Outras informações:
É importante referir que as personagens, tal como nós, não são perfeitas. Com isto em mente, sugiro algumas fraquezas mais comuns e aplicáveis ao protagonista:
Falta de auto-confiança, falta de auto-estima, incapacidade de se valorizar, ingenuidade, incapacidade de ultrapassar o passado, incapacidade de confrontar o passado, dificuldade em confiar nos outros, dificuldade em assumir um compromisso, teimosia e personalidade impulsiva.
Em seguida, sugiro algumas fraquezas implicadas em personagens menos simpáticas, tal como antagonistas:
Vontade de prejudicar o próximo, egoísmo, inveja, arrogância, orgulho, ganância, presunção, gula e preguiça.
Ao dar vida a uma personagem, sugiro deixar alguma margem para a imaginação do leitor. Podem incluir características físicas mais marcantes.
Algo que eu falo, frequentemente, no meu workshop “Escrita Extra Criativa”, é referente à utilização dos cinco sentidos. Existem outras formas para descrever uma personagem que não se limitam à visão. A personagem tem algum cheiro característico? Um perfume talvez? A voz é grave ou possui alguma característica singular? O toque da sua pele é suave ou áspero?
Acima de tudo, cada personagem deverá ser única. O leitor deverá conseguir fechar o livro e ficar com uma imagem nítida da personagem.
Em conclusão, o poder da palavra é tão maravilhoso, que possui a capacidade de dar vida a partir da nossa imaginação.
Espero que se sintam inspirados!
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Até breve, e boa escrita.
Xo,
Susana