Palavra Encantada: Dar vida a uma personagem

Escrito em 17 de Junho de 2020

Palavra Encantada: Dar vida a uma personagem

Olá, cúmplices da escrita!


Esta semana, o tema estende-se a vários géneros literários: dar vida a uma personagem.
Na minha perspetiva, as personagens são a alma da história. As suas emoções, são as emoções do leitor. Embelezam e desenvolvem a estrutura literária. São o elo de ligação entre a imaginação do escritor e a recetividade criativa do leitor.

Na dança, eu interpreto personagens, enquanto que na escrita, divirto-me a criar personagens. Na verdade, é um dos passos que mais gosto ao escrever um livro! Muitas das personagens simplesmente surgem no momento certo, surpreendendo-me. Outras, são premeditadas e estratégicas, o que me exige uma concentração maior, pois são, habitualmente, mais complexas.


   Lembram-se de termos falado de veracidade microscópica? No momento de dar vida a uma personagem, esta, é uma ferramenta extremamente útil. Se queremos ter uma relação verdadeira com a personagem, temos de adaptar o máximo de veracidade aquando a sua criação. Para isso, enquanto escritora, eu tenho de conhecer a minha personagem até ao âmago. Para mim, ainda que na minha mente, são reais.


Vamos espreitar os 8 pontos, cruciais e obrigatórios, do processo de dar vida a uma personagem:

  • Género
  • Idade
  • Objetivo
  • Fraqueza
  • Passado
  • Descrição Física
  • Nome
  • Estereotipo

   Idealmente, devemos ter uma ficha individual para cada personagem. Eu apostei num programa informático, adequado a escritores, para me ajudar a manter a organização necessária, e assim concluir o último volume da minha atual trilogia “Liberum”, sem correr riscos de caracterizar mal um elemento. Especialmente considerando a quantidade de informação e personagens envolvidas!


   Relembro, que os oito pontos referidos, são o mínimo essencial. Quanto mais informação, mais real se torna. Revelo, enquanto exemplo, a ficha que eu utilizo para as minhas personagens principais:

  • Tipo de personagem (protagonista, antagonista, etc.):
  • Nome da personagem:
  • Objetivo:
  • Fraqueza:
  • Idade:
  • Sexo:
  • Altura e peso:
  • Etnia:
  • Cor do cabelo e dos olhos:
  • Estado matrimonial
  • Ligações familiares (pais, irmãos, etc.):
  • Amigos:
  • Melhores amigos:
  • Pessoas que não gosta:
  • Inimigos:
  • Animal de estimação:
  • Residência:
  • Passado cultural:
  • Religião e perspetivas espirituais:
  • Escolaridade:
  • Popularidade:
  • Mentores e heróis:
  • Passatempos:
  • Gostos e desgostos:
  • Medos:
  • Sonhos:
  • Hábitos nervosos:
  • Como é que os amigos descrevem a personagem:
  • Introvertido/a ou extrovertido/a:
  • O que é que mais irrita, envergonha ou aborrece a personagem:
  • Outras informações:


   É importante referir que as personagens, tal como nós, não são perfeitas. Com isto em mente, sugiro algumas fraquezas mais comuns e aplicáveis ao protagonista:


Falta de auto-confiança, falta de auto-estima, incapacidade de se valorizar, ingenuidade, incapacidade de ultrapassar o passado, incapacidade de confrontar o passado, dificuldade em confiar nos outros, dificuldade em assumir um compromisso, teimosia e personalidade impulsiva.


   Em seguida, sugiro algumas fraquezas implicadas em personagens menos simpáticas, tal como antagonistas:


Vontade de prejudicar o próximo, egoísmo, inveja, arrogância, orgulho, ganância, presunção, gula e preguiça.

   Ao dar vida a uma personagem, sugiro deixar alguma margem para a imaginação do leitor. Podem incluir características físicas mais marcantes.

   Algo que eu falo, frequentemente, no meu workshop “Escrita Extra Criativa”, é referente à utilização dos cinco sentidos. Existem outras formas para descrever uma personagem que não se limitam à visão. A personagem tem algum cheiro característico? Um perfume talvez? A voz é grave ou possui alguma característica singular? O toque da sua pele é suave ou áspero?

   Acima de tudo, cada personagem deverá ser única. O leitor deverá conseguir fechar o livro e ficar com uma imagem nítida da personagem.

Em conclusão, o poder da palavra é tão maravilhoso, que possui a capacidade de dar vida a partir da nossa imaginação.


Espero que se sintam inspirados!

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Até breve, e boa escrita.
Xo,
Susana