
Olá, cúmplices da escrita!
Antes de mais, tenho que vos agradecer o excelente feedback. Recebo-o com grande motivação! Sinto tremenda felicidade ao tomar consciência de que estão a gostar dos conteúdos e, mais importante, que vos estão a ser úteis.
Como prometido, apresento-vos o último tema do mês: Veracidade microscópica – o milagre do detalhe.
Aprendi este conceito no livro “If you want to write”, da Brenda Ueland, e fiquei rendida!
Curiosos?! Vamos lá.
Ao descrever uma personagem – ou sítio, objeto, memória, evento, o que for – a autora explica-nos que não devemos querer “fazer parecer”. Devemos escrever com imparcialidade, veracidade e exatidão. Devemos olhar para a pessoa e apenas dizer o que vemos, mesmo que o resultado pareça saído de um catálogo.
Quando utilizo este processo de veracidade microscópica, deparo-me com uma concentração única para com um momento em particular da minha escrita. Obriga-me a visualizar com clareza, levando-me, momento a momento, a escrever precisamente o que vejo, separando pensamentos ou julgamentos, que facilmente surgem, perante o que estou a descrever.
Obriga o escritor a permanecer num estado de descoberta.
Permite-nos ir muito além de qualquer estereotipo ou presunção; ir além da idade. Clarifica-nos quanto ao nosso ser, quanto ao próximo, até quanto ao passado – movendo-nos num caminho incrível de descoberta. A autora afirma que quanto maior é o desejo de descrever um todo, um universal, maior é a necessidade de descrever, o mais minucioso e verdadeiro possível, o momento, um particular. Faz sentido?
NADA pode limitar mais a imaginação do que escrever apenas a respeito daquilo que conhecemos, ou achamos que conhecemos. A veracidade microscópica conta a verdade quanto ao que observamos. Afasta a rigidez do nosso pensamento, permitindo espaço suficiente para que a nossa verdadeira voz emerja, possibilitando assim, uma perspetiva verdadeira para com aquilo que observamos, por vezes diferente da perspetiva inicial.
É uma técnica simples e adequada a todos os momentos.
Queres experimentar?
Tira uma fotografia, física ou mental, e escreve exatamente o que vês. Lembra-te, apenas o que vês e não o que achas que vês.
Estás a aproximar-te de um ponto ligeiramente enublado, dificultando-te a visão?
Escreve livremente e utiliza a veracidade microscópica para iluminar aquilo que parece querer esconder-se de ti. Descortina, lentamente, escrevendo direitinho até ao epicentro daquilo que vês. Por esta altura, deverás estar a entrar num estado de descoberta. Não tentes explicar ou falar de algo como se estivesses a ver tudo à distância. Escreve, descobrindo e revelando, de perto.
Gradualmente, a tua escrita ganhará mais vida e os teus leitores sentirão a diferença.
Se escreveres com veracidade, as tuas palavras serão lidas e sentidas com veracidade.
Este exercício também é uma excelente ajuda para derrotar bloqueios mentais, frequentes no processo da escrita. Obriga-nos a manter um foco no que conseguimos efetivamente ver, enquanto que a descoberta e revelação, permite-nos criar o que ainda não conseguimos ver.
Se colocarem esta técnica em prática, não se esqueçam de partilhar os vossos resultados. Ajudou? Fez sentido? Contem-me tudo!
Até breve & Muita inspiração!
Xo,
Susana